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PAULO FREIRE: CEM ANOS DE AMOROSIDADE, LUTA E ESPERANÇAR

No último dia 19 de setembro, o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Reglus Neves Freire ou, simplesmente, Paulo Freire, faria 100 anos. Nosso Centro de Ensino lembra, reconhece e afirma a importância do legado deste grande pensador da educação brasileira e mundial.

Freire está presente em diversos momentos de nosso Campus, seja no curso de Pedagogia, Mestrado em Ensino, na Licenciatura em Educação do Campo e demais Licenciaturas e em eventos, dos quais destacamos dois: a) Lançamento de obra alusiva a seu centenário, ainda em 2019, quando Walter Kohan, da UERJ, lançou sua obra "Paulo Freire mais do que nunca – uma biografia filosófica" (Editora Vestígio), escrita em português e já traduzida para o inglês; b) mais recentemente, em 2021, o encontro virtual intitulado: "Legado teórico-político de  Paulo Freire e a vitalidade da sua práxis pedagógica na atualidade", com a participação da  Profa. Drª. Edna Castro de Oliveira – NEJA/ES e Centro de Educação/UFES – Vitória/ES, bem como da Educadora Ms. Rubneuza Leandro de Souza,  MST/Centro de Formação Paulo Freire – PE.

Reconhecido internacionalmente em todos os continentes, nome de cátedras em Centros de Ensino importantes, Doutor Honoris Causa por mais de 30 universidades, Paulo Freire é o terceiro pensador mais citado na área de ciências humanas do planeta, cabendo à sua obra mais conhecida, Pedagogia do Oprimido, o título de obra mais referenciada em universidades, segundo o Open Syllabus, da Universidade Colúmbia (EUA). 

Educador comprometido com as classes populares, Freire é reconhecido pelo seu método de alfabetização inserido na realidade do educando, pela importância conferida a uma educação dialógica, libertadora e na qual seja problematizada, incessantemente, a realidade, numa perspectiva aberta, não sectária e amorosa.

Seu projeto de educação, contrariamente ao que às vezes se apregoa, propõe o rigor metódico e o estudo científico numa perspectiva crítica e curiosa diante do texto e do mundo, negando o autoritarismo e a licenciosidade. Ao afirmar a autoridade e a liberdade, reconhece, segundo suas palavras, que se “não há liberdade sem autoridade, não há também esta sem aquela” (Pedagogia do Oprimido).

Importante destacar que Freire não apenas elaborou um método de alfabetização eficiente e revolucionário, mas pensou e praticou uma filosofia da educação demonstrando que não há possibilidades de “neutralidade”, uma vez que não há educação fora da sociedade humana como também não há seres humanos em abstrato. Ambas são construções sócio-históricas e, portanto, passíveis de mudanças. Uma sociedade de classes (opressores x oprimidos), dá à educação duas possibilidades: Como ação cultural para a dominação (caracterizando-se por ser bancária, tecnicista, positivista, autoritária), buscando “conservar” ideias, valores, comportamentos, práticas, etc., de dominação econômica, cultural, social, ideológica construídas historicamente; Como ação cultural para a libertação (caracterizando-se como uma educação problematizadora,  centrada no diálogo, na reflexão, na práxis, etc.,), assumindo um caráter transformador nas esferas econômicas, sociais e culturais das pessoas, ao resgatar a memória dos vencidos, mas não derrotados, fortalecendo os processos atuais que apontam para a transformação da realidade. Por isso, dada essas duas possibilidades, não há como admitir a existência da neutralidade na educação. Ou seja, a favor de quem e do que e contra quem e contra o que reside a práxis educativa?

A melhor homenagem a Paulo Freire, segundo suas próprias palavras, é ler sua obra, discuti-la, torná-la inspiração de novas práticas e transformadora de realidades de injustiças, à quais não podemos responder com fatalismo ou desânimo, senão com ação de esperançar, isto é, esperança radicada na luta e no amor pelos homens e pelo mundo, conforme as últimas palavras da Pedagogia do Oprimido: “Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos que permaneça: nossa confiança no povo. Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar”.

Texto: Prof. Jair Miranda de Paiva e Prof. Adelar João Pizetta. (Departamento de Educação e Ciências Humanas).

 

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